terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Grande Ecrã - A Teoria de Tudo


É um filme certinho como um corte à tijela. A todos os níveis.
Até obteve a aprovação das pessoas que são retratadas em A Teoria de Tudo, Stepehen Hawking e Jane Hawking. 
E como todos os que assim são, consegue provocar em nós uma sensação de simpatia.
Mas no entanto quase que se resume a isto.

Argumento a cumprir os mínimos exigidos mas com falta de ambição e de visão, uma realização limpa e eficaz de James Marsh e duas grandes, grandes, composições. a eclipsar tudo o mais, dos dois actores principais.
A colagem de Eddie Redmayne ao físico é enorme e a composição de Felicity Jones como a sua mulher, não fica muito atrás.
O Óscar atribuído a Redmayne é um pouco discutível. É bem conhecida a grande aptidão e valorização da Academia por este tipo de papeis.


Existe um outro filme, cujo actor principal, sem ter um modelo para seguir, estudar e apoiar-se, tem um desempenho extraordinário que foi injustamente esquecido e passou despercebido pelo grande público - Timothy Spall em Mr. Turner. Mas isso é outra guerra.


A Teoria de Tudo falha o objectivo primário.
O dar a conhecer a vida de uma das personalidades mais conhecidas, mais fascinantes e mais influentes das ciências actuais.
E ainda apor cima vivo.
Não há ninguém que não conheça, pelo menos de nome, Stephen Hawking, a sua doença (Esclerose Lateral Amiotrófica) e o seu intelecto brilhante.

Quem vai ver A Teoria de Tudo vai ver por dois grandes motivos: ou já conhece o físico ou quer conhecê-lo.
E aqui o filme espalha-se ao comprido. Objectivamente mostra muito pouco da sua vida e menos ainda da sua obra.
Não situa temporalmente os diferentes marcos da sua vida.
Os livros, as ideias, o ambiente académico, a sua muito particular dialéctica com Deus, a cátedra de Isaac Newton, que o argumento não menciona.

Não sabemos o que está por detrás das suas descobertas ou como estas surgiram. Não sabemos que dificuldades enfrentou. Não seguimos a evolução da sua doença apesar de sabiamente ter fugido à tentadora lamechice.
No início do filme sabemos que tem uma esperança média de vida de dois anos e no fim dele sabemos que tem mais de setenta anos.
E também sabemos que foi ficando cada vez mais encapsulado sobre si próprio ao longo do tempo. Outra oportunidade perdida. A de explicar e sensibilizar ao mundo o quanto esta doença é devastadora e desconhecida.

A única coisa que ficamos a saber é que deu uma carga de trabalhos tremendos à sua mulher, Jane, que não perdeu o sentido de humor, e que muito provavelmente terá dado à sua mulher uma oportunidade de ter uma vida normal, quando decide que quer ficar com a enfermeira a tomar conta dele. Algo que Jane verdadeiramente nunca chegou a ter com Stephen.

Stephen Hawking, continuará a ser um “aleijadinho” que escreveu um espantoso livro chamado “Breve História do Tempo” que vendeu milhões de exemplares e que muitos e muitos deles nunca mais saíram da prateleira onde foram colocados depois de terem sido comprados.
E os que efectivamente leram o livro (demorei uns bons meses a consegui-lo) viram-se aflitos para o compreender. Porque é denso como um buraco negro.


Agora, vale a pena ver a Teoria de Tudo? Talvez.
Especialmente para quem valoriza e gosta de seguir as performances dos actores e é desconhecedor da vida de Stephen Hawking ou, para quem a vida de uma das mentes mais brilhantes do nosso tempo é sempre fascinante.






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