terça-feira, 20 de maio de 2014

Passageiros em Trânsito



- Então isto é o fim?
- Não - respondeu-me Máximo sem perder o sorriso
- Não há fim. O que há são intervalos" diz Máximo.


Primeiro foi título, Passageiros em Trânsito, depois foi a sua capa, alguém a andar de bicicleta no que parecia ser um deserto. A impressão transmitida foi logo de espaço, liberdade, personagens em busca de algo.

Ao folhear o livro reparo que há uma escrita diferente nele. Há um exotismo que não se encontra noutros. A sua linguagem é colorida, pitoresca e até um tanto inusitada.
Nele encontrei vários países, Angola, Brasil, Espanha e Alemanha. Portanto... comprei o livro.

Passageiros em Trânsito é uma antologia de vinte contos, vinte fotografias do quotidiano, sem nenhuma ligação entre si que não seja a sua simplicidade narrativa e a necessidade e preocupação que as suas personagens sentem em encontrar, em procurar o seu Eu ou um Eu alternativo. Tendo essas mesmas personagens por base um passado forte e marcante. 
Tal como desejava o italiano Mauro no conto Sal e Esquecimento que queria fugir desse passado marcante numa fórmula de esquecer para ser esquecido.

O angolano José Eduardo Agualusa escreve os vinte contos, linearmente, sem complicar, numa despreocupação quase displicente de estes serem ou não verosímeis como por exemplo em O Homem sem Coração ou em K40.
O autor é desprendido de cada um deles. Apesar de nos atirar para dentro de cada um destes contos, fica aquela sensação curiosa que o autor por vezes está de fora deles. Mesmo quando escreve na primeira pessoa. 

É um livro que se lê de um trago até ao momento em que já não há mais páginas para virar.
Então percebemos que chegámos ao intervalo tal como disse Máximo na última linha, no último parágrafo do último conto de Passageiros em Trânsito. 


2 comentários:

  1. Gosto de Agualusa, Já vira o livro, mas não folheei. Passara apressadamente pela livraria.

    Sugestiva a sua opinião. Obrigada.

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