quarta-feira, 2 de abril de 2014

Grande Ecrã - 300 - O Início de um Império


Saí de 300 - O Início de um Império da mesma maneira que saí dos dois episódios de Hobbit. Desanimado.
Não estava à espera que me surpreendessem, mas esperava que continuassem a surpreender.
Ou seja, que pelo menos cumprissem os mínimos, que fossem mais do mesmo.

Sobre este novo 300 sendo nem uma sequela nem uma prequela do primeiro, para quem viu este último não pode deixar de sentir uma certa vulgaridade no segundo.
Litradas de sangue que saltam sempre que uma cabeça (e são várias), braços (idem) que acabam por ser divertido tal a sua frequência, bastante pancadaria, um dramatismo pouco convincente, diálogos monótonos e cheios de chavões a tentarem puxarem à nobreza, à dignidade, à unidade e determinação de um exército de comerciantes e burgueses para a defesa de um país e de uma cidade.
E o argumento não tem a mesma intensidade de 300.

À personagem de Temistocles (Sullivan Stapleton), falta-lhe carisma e nobreza, apesar de se esforçar por as ter. É um papel honesto, mas apenas isso. Eva Green no papel da pérfida e implacável Artemisia, irmã de Xerxes e comandante suprema da frota persa talvez seja o melhor que o filme tem para oferecer apesar de não deslumbrar.

Considerando a fotografia, efeitos especiais e a realização se pensarmos que já passaram oito anos sobre 300, nenhuma delas trás novidades, nem inovações.
A fotografia é excessivamente escura, de tal maneira que se perdem pormenores, mesmo que naturalmente seja pretendido sobressair a negridão da história que o filme pretende narrar. Em 300, a fotografia (e a realização de Zack Snyder) foi uma das mais valias do filme.

O 3D é absolutamente um desperdício. Só se quisermos apanharmos uns quantos pouco convincentes (mas grandes) banhos de sangue em "cima" de nós assim como algumas espadeiradas e ainda tempos a tempos umas setas lançadas.
Gosto do 3D quando ele nos coloca dentro do filme, quando nos envolve fisicamente e emocionalmente com ele. Que neste caso falhou redondamente mantendo permanentemente um distanciamento à narrativa.
Até os efeitos especiais apesar de interessantes chegam a ser confusos não permitindo frequentemente discernir o que está a acontecer.

Há a curiosidade de percebermos que O Início de um IMpério, ocorre ao mesmo tempo que a Batalha das Temópilas (tema de 300) decorria. Há uma certa preocupação, certamente que não extensiva e coerente do enquadramento temporal e histórico das duas batalhas e das suas interligações. A primeira em terra, a segunda no mar.

Após a derrota das Termópilas os gregos tentam inutilmente vencer a visão separatista dos espartanos para os convencer a lutar ao seu lado pela a união da Grécia. No fim é óbvio que...
Ficamos também a saber como Xerxes se tornou em... Xerxes. Rodrigo Santoro tem um papel secundário e muito pálido face ao desempenho do primeiro filme.

O realizador Noam Murro esforça-se e faz um filme que apesar de pecar pela confusa, superficialidade da narrativa e construção das personagens, ao fim e ao cabo cumpre aquilo que qualquer filme primariamente pretende atingir, ou seja (um fraquinho) entretenimento.
Para quem viu 300 e gostou e se rendeu a este (como eu), dificilmente não irá ver 300 - O Início do Império, certamente vai sair do cinema com alguma de frustração de lá.

Mas quase garantidamente haverá um terceiro 300, mais ano, menos ano. Essa hipótese fica em aberto no fim do filme quando se aborda a batalha de Salamina.




1 comentário:

  1. É uma perda de tempo! Aconselho um filme simplesmente fabuloso: "A grande beleza". Vai ver! É um grande flme!

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