quinta-feira, 28 de outubro de 2010

será que precisamos deste OE?

É ideia generalizada que a falta de credibilidade nos mercados financeiros já está instalada, independentemente da aprovação ou não deste orçamento.
É ideia generalizada que o Orçamento é mau e que a realidade económica do país é pior do que se pensava.
É ideia generalizada que este governo não prima pela transparência e isso reflecte-se neste Orçamento.

Talvez não

Para além da crise económica há que somar a forte crise política. E esta última só é verdadeiramente resolvida com novas eleições, novos governantes.
Logo, será que é vantajoso, é verdadeiramente crítico que este OE seja aprovado? Será que precisamos dele? Talvez não.

É claro que o país vai continuar a funcionar "sem orçamento" e com um governo de gestão. O PSD já afirmou que apoiaria um governo desta natureza. Certamente que não iremos à bancarrota.
A Grécia ainda existe, e creio que os portugueses não se importavam que Portugal estivesse tão mal como a Islândia quando esteve na bancarrota.
Entre um governo de gestão e as eleições legislativas, vai dar tempo para que se pense em alternativas de governo, se faça o trabalho de casa e se preparem novas equipas de trabalho. Que os bastidores da política funcionem.
Talvez durante esse intermezzo, houvesse uma união de consciências para salvar o país. Talvez se formasse um espírito de coesão nacional, uma espécie de desígnio colectivo.

Mais do mesmo

Se este orçamento for em frente, prolonga-se a agonia e a desmoralização do país durante mais um ano.
Se passar o OE de 2011, certamente que não passa o de 2012.
É só pensar um pouco.
Será que o país quer ver a arrogância de Sócrates e a tecnocracia de Teixeira dos Santos a governarem Portugal durante mais um ano, da mesma maneira que tem sido até agora?
Com PECs a sucederem-se uns aos outros, contradições patéticas, despesismo, decisões a avulso não planeadas e incoerentes, aumentos de impostos e novos impostos, destruição do estado social e sistemáticos ataques à classe média.
Alguém acredita algo vai mudar, que vai haver evolução ou melhoria? Não. Claro que não.
Na prática seria mais do mesmo durante um ano.

O FMI

Acenam com a ameaça da intervenção do FMI em caso de rejeição do Orçamento de Estado.
Mas há quem diga que o FMI vai entrar pelas nossas portas dentro, seja ou não o orçamento aprovado.
E há quem (Pina Moura) afirme que isso pode ser bom. "Santos da casa não fazem milagres" afirma o povo.
Era uma maneira de regular e moralizar a nossa economia, impor regras. Termos transparência nas contas públicas. Regulamentar a economia e moderar os excessos e os favores à banca.
Talvez sejam medidas mais duras, mas certamente que trará uma sensação de justiça e equidade na sua aplicação. Conceitos que os portugueses não têm sentido até ao momento.
Já que não o soubemos fazer, ou quisemos fazer, alguém que o faça por nós.
Além que o homem forte do FMI para a Europa é António Borges, que por acaso, até há muito pouco tempo foi um vice presidente do PSD.

Uma década perdida

Portugal já perdeu, com ou sem Orçamento.
A economia nacional foi considerada a terceira pior do mundo na última década. Pior só a Itália e o... Haiti! Na comparação do PIB de 2000 com o PIB de 2010, verifica-se que o PIB de Portugal nos últimos 10 anos cresceu 6.47%, contra 2.43% da Itália. O Haiti foi a única nação do mundo que teve um crescimento negativo de 2.39%.
A Guiné Equatorial está no topo da escala com um crescimento de 387%.


Um orçamento rejeitado não é desejável. Nunca é.
Mas por vezes tudo tem que ir abaixo, para se recomeçar de novo. É como se fosse escolher o mal menor.
Talvez seja altura de tal acontecer.

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