Esta frase terá sido dita por um filósofo cujo nome e nacionalidade não me recordo. Mas parece-me bem adequada porque no trono da altivez que a ciência nos coloca, precisamos de tempos a tempos sermos reconduzidos ao nosso verdadeiro lugar. E a Natureza faz isso por vezes de uma maneira cruel mas sempre muito eficaz. E ficou bem provado no passado dia 13 de Janeiro.
Com um sismo de magnitude calculada em 7 pela escala aberta de Richter (o terramoto de Lisboa de 1755 é estimado em 9) e cerca de 50 a 100 mil mortes estimados (e há quem mencione o incrível número de 500 mil!!) a morte saiu à rua em Port au Prince. A capital do Haiti está praticamente destruída.
E até nem precisava deste sismo para aumentar o peso da cruz do destino. É o país mais pobre do hemisfério do norte, tem a tragédia no sangue e está fadado ao sofrimento. A ditadura de Maurice Duvalier (conhecido por Papa Doc), brutal e baseada no terror que os tonton macoute (a sua guarda pessoal) e o uso do vudu provocavam na população muito ajudou à quase destruição do Haiti.
Com a sua morte em 1971 sucedeu-lhe o filho, Jean Claude Duvalier (Baby Doc) que prosseguiu com a senda sanguinária e destruidora do pai. Fugiu para França em 1986. Tudo o que se sucedeu daí para a frente contribuiu para a delapidação do país.
A ONU teve que intervir para pôr uma frágil ordem num país caótico.
Com um leque sortido e vasto de desgraças e maleitas, nos quais se inclui golpes de estado, repressão, corrupção, sida, e elevada mortalidade infantil, o Haiti não precisava de mais esta.
Possivelmente e pela primeira vez na sua história o Haiti esteja a ser verdadeiramente ajudado. Parecendo pequena face ao desespero de um povo, a mobilização e a juda internacional é uma das maiores de sempre.
Talvez quem sabe, e vendo o lado positivo da coisa, este sismo de magnitude 7 seja o início do seu renascimento.
Talvez as "ervas daninhas" de décadas tenham sido extirpadas do seu corpo e o Haiti possa ter um segundo nascimento mais saudável e promissor com a ajuda internacional.
Talvez com a morte e a destruição vinda da Natureza, venha agora a esperança da Humanidade.
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